O secretário-geral da ONU,
António Gutierres, salientou em uma entrevista recente a importância do turismo
como um dos setores econômicos mais importantes do mundo.
Em 2019, o turismo respondeu
por 7% do comércio mundial. Foram registrados 1.5 milhões de turistas
internacionais e 9 milhões de turistas que optaram pelo turismo doméstico em
seus próprios países. Observa-se que o setor garante a subsistência de milhões
de pessoas em todo o mundo, de acordo com dados de pesquisas recentes, 1 em
cada 10 pessoas estão trabalhando na área do turismo. No Brasil, segundo dados
da Agencia do Senado, foram criados 36.692 novos postos de trabalho, ou seja,
houve uma alta de 1,2% em relação ao total de empregados em 2018.
Com a pandemia da Covid-19, o
setor do turismo sofreu quedas históricas, o documento “Turismo e
covid-19”, apresentado pela ONU, analisa o impacto da covid-19 em um dos
maiores setores da economia global. Com base em dados da OMT (Organização
Mundial do Turismo), o documento foca nos pontos fortes entre as regiões
analisadas pelo nível de desenvolvimento, bem como na importância que o turismo
tem para o avanço da tecnologia e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS).
Ainda de acordo com o documento da ONU, embora no início de
2020 o crescimento tenha sido contínuo, o turismo foi o mais afetado. Segundo
a ONU, estima-se que a entrada de turistas possa cair entre 58% e 78%, pondo em
risco cerca de 120 milhões de empregos e de pequenos comércios atrelados ao
turismo. Tal fenómeno irá pôr mulheres e jovens (entre os 15 e os 24 anos) e
outros trabalhadores informais em risco, uma vez que estes grupos representam a
maior parte da mão-de-obra deste setor.
O impacto no turismo também trouxe
problemas para a cultura, os dados apontam que 90% dos museus fecharam durante
a pandemia — sendo que 13% ainda correm o risco de não voltarem a retornar às
atividades. Em muitos locais históricos e considerados Património Mundial
da UNESCO, a queda foi tão alta que suas atividades foram encerrados, o que
causou mais um problema para todos que dependem exclusivamente do turismo.
É importante observar que os números do
turismo refletem diretamente no meio ambiente, quanto mais baixos, menores
serão os financiamentos para a preservação da vida selvagem — que, até então,
representava 7% do turismo mundial — e marinha (ONU 2020). Ainda segundo a ONU,
o corte nas verbas representa um grande problema para as comunidades que moram
nas proximidades das áreas protegidas e que subsistiam do turismo. Com a queda
no setor, houve o aumento da caça furtiva e do consumo ilegal de animais
selvagens, e para a destruição de habitats em áreas protegidas.
Para
Antonio Gutierres, reconstruir o setor do turismo respeitando o desenvolvimento
justo e sustentável é primordial. É de suma importância que as atividades
turísticas estejam em conformidade com as metas climáticas.
De
acordo com António Gutierres, são cinco as áreas prioritárias de recuperação:
1. A segurança socioeconómica,
especialmente das mulheres;
2. O estímulo da competitividade e
da resiliência do setor, promovendo o turismo a nível nacional e regional;
3. Uma utilização mais ampla da
tecnologia no turismo, garantindo uma maior resiliência e mais empregos
temporários;
4. Uma mudança que leve ao crescimento
sustentável e verde, para que o setor se torne mais eficiente, competitivo e,
por fim, neutro em carbono;
5. A promoção de parcerias que
permitam a transformação do setor e um alcance mais rápido dos ODS, pondo as
pessoas e a sua segurança em primeiro lugar, facilitando e suspendendo as
restrições de viagens de forma responsável e coordenada.
A
recomendação da OMT para a recuperação do setor considera a necessidade de
coordenação e cooperação global com o objetivo de ter de volta a confiança dos
consumidores.
Durante
a videoconferência do Global Summit 2021 ocorrido no último
dia 26 de abril, evento do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na
sigla em inglês), o ministro do turismo Sr. Gilson Machado
Neto reforçou o potencial do Brasil e destacou o trabalho conjunto no
pós-pandemia, ele pediu união para a
recuperação do setor. O painel “Como recuperar 100 milhões de empregos”,
do qual participou o ministro, tratou da colaboração público-privada no turismo
e da coordenação internacional com o objetivo de reabrir fronteiras e alinhar
os padrões de saúde e higiene com a implementação de protocolos globais, parte importante no processo da retomada da economia.
O
ministro salientou a necessidade de governos e instituições públicas se unirem
à iniciativa privada para que o turismo possa se recuperar de maneira mais
rápida e mais forte. O ministro também ressaltou que “O Brasil vai
ser uma grande oportunidade mundial para o turismo no pós-pandemia. Só o Brasil
tem seis biomas diferentes e um ecoturismo único em todo o mundo”, explicou.
“Além disso, não temos furacão, terremotos ou algas em nossas praias” (MTur
2021).
Pensando
a nível local, Ilhéus tem muito potencial para um turismo sólido,
uma economia forte e vibrante, é importante uma ação conjunta do setor
público, privado e sociedade civil organizada para a retomada do crescimento do
turismo, que juntamente com o meio ambiente, a cultura, a agricultura e a pesca
formam os pilares da nossa economia.
Estamos
neste momento precisando da união de todos, de uma reforma administrativa justa
e sustentável, e tudo perpassa pela cooperação entre as partes interessadas
(stakeholders), “juntos somos mais fortes”. Nunca o termo “cooperação” foi tão
necessário e tão importante.
Para
finalizar, vamos voltar nosso "olhar para o futuro", inovar para
crescer, Cooperação faz parte da inovação. Pensemos nas palavras do Sr. Antonio
Gutierres (ONU)....
“Vamos assegurar que o turismo recupere a sua
posição de criador de empregos dignos, de rendimentos estáveis e de protetor do
nosso património cultural e natural.” — António Guterres.
Por
Maria Morais
Fontes: ONU, MTur, OMT